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Médico decide trocar de profissão e abre padaria no interior de SP: 'Feliz da vida'
Entretenimento
Publicado em 06/08/2023

Sérgio Meira, de 52 anos, atuava como coordenador de transplantes no Hospital Albert Einstein. Após episódios de estresse, ele decidiu seguir a carreira que sempre sonhou e virou padeiro em Jundiaí (SP)

Quando pensamos em profissões que fazem o bem, a Medicina certamente aparece nessa lista. Mas, o médico Sérgio Meira, de 52 anos, decidiu ir além e acreditou que a panificação também pode fazer a diferença no mundo.

 

Essa crença foi essencial para Sérgio decidir trocar o jaleco pelo avental de padeiro. Ele é formado em Medicina e começou a trabalhar em 2004 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ficou até 2020.

 

“Atuei por um tempo na sala de cirurgia fazendo transplantes. Mas precisei assumir a coordenação da área, passei a operar cada vez menos. Fazer a parte burocrática e administrativa foi se tornando muito estressante.” contou ao g1.

 

 

Memória afetiva

 

 

Mas não foi só a insatisfação que motivou o Sérgio a trocar de profissão. Outro sentimento, este mais afetuoso, foi o amor à cozinha e às memórias da infância.

 

O contato de Sérgio com a gastronomia começou na adolescência, quando ele tinha 15 anos. Nesta idade, ele se recorda de ajudar a avó materna a fazer receitas para a família. Na época, ele até pensava em seguir carreira, mas faltou incentivo do pai. Por isso, seguiu o conselho paterno e cursou medicina.

 

"Meu pai dizia que ser chef de cozinha era uma profissão ruim. Não quis contrariar, era muito jovem". Mas, com a experiência da idade, Sérgio percebeu que podia dar um rumo diferente para a própria vida.

"Quando eu estava com 39 anos, comecei a fazer um curso de gastronomia. Estava muito estressado e busquei algo para aliviar a mente. Conheci amigos na área e sentir novamente o despertar para a culinária." relembra o médico.

 

 

Impacto da pandemia

 

Sérgio conta que o setor de transplantes foi fortemente impactado durante a pandemia da Covid-19. "A falta de leitos, o perigo de fazer cirurgias neste período. Nossa área sofreu muito. Eu decidi em 2020 tirar um período de descanso. Fui para uma fazenda e fiquei três meses lá, praticamente sem contato nenhum com o restante do mundo".

A falta de uma renda financeira começou a pesar, e ele sabia que precisava decidir os rumos da vida profissional.

 

"Aí eu comecei a fazer cursos com a intenção de ter meu negócio, não apenas pelo hobby mais. Descobri que fazer pão é muito difícil. É igual filho, tem vontade própria." afirma Sérgio.

 

 

Apoio familiar

 

Os primeiros pães foram assados na casa dele, em Jundiaí (SP), onde mora há 20 anos. Ele conta que as vendas eram feitas pela internet, com pouca divulgação. "A gente não tinha muita estrutura em casa, faltavam equipamentos, a casa vivia bagunçada. E eu entendi que se queria fazer a mudança, precisava ser pra valer", conta.

A padaria de Sérgio fica no bairro Anhangabaú, pertinho da casa da família dele. O espaço comporta cerca de 60 pessoas e tem 18 funcionários. Apesar de estar seguindo um sonho, ele afirma que não foi fácil.

 

"Tive que me dedicar tudo de novo em outra profissão. Não foi sorte, foi e é dedicação, mas acredito que estar mais velho e experiente me ajudou a encarar o desafio." afirma.

 

Ele relata que o apoio da esposa, Sandra Mara Cunha de Freitas, e dos filhos, Gustavo e Pedro Cunha de Freitas Meirelles Meira, foi essencial em todo o processo de mudança.

Oportunidade de ensinar

 

Se no hospital Sérgio teve a oportunidade de aprender com pessoas que ele considera renomadas na Medicina, agora ele está na outra ponta e é feliz tendo a chance de ensinar.

"Eu contrato gente jovem, sem experiência, que precisa de emprego. Assim consigo ensinar e contribuir com a formação dessa galera." explica.

Na padaria Soul Good Bakery, o produto mais vendido é o croissant, que tem uma receita feita pelo Sérgio e se tornou a paixão dele. "Hoje eu me decido a colocar a mão na massa. Gosto de fazer o pão, massa folhada, mas o meu preferido é o panetone, que eu tento fazer o ano inteiro."

A terapia de fazer pão

 

Sérgio conta que continua trabalhando muito, de domingo a domingo. Mas agora sente uma alegria diferente quando coloca o uniforme às seis da manhã.

"Tem dia que volto pra casa lá pelas 19h30. Mas todos os dias me sinto feliz da vida. Estabilizei meu negócio, tenho pessoas me ajudando na parte administrativa e assim foco no que gosto. Fazer pão tem seu lado terapêutico e foi a mudança que eu precisava." finaliza Sérgio Meira.

 

Sérgio com os filhos, Gustavo e Pedro, e com a esposa, Sandra Mara. Família mora em Jundiaí (SP) — Foto: Arquivo Pessoal

 

 

Foto: Arquivo Pessoal

Reprodução do g1

Por Larissa Pandori, g1 Sorocaba e Jundiaí

05/08/2023 08h23

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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